sábado, 24 de setembro de 2011

Impressões em 1ª Pessoa sobre PACIFIC.



Devo dizer que saí completamente consternado do filme de Marcelo Pedroso ontem na reabertura do Cine Cultura. Até então, eu nunca tinha visto um filme que refletisse e representasse a classe-média brasileira (da qual eu faço parte) de uma forma tão frontal e íntima, tão visceral e empática. O filme passava e a cada sequência, eu me lembrava da minha família, meus amigos, de momentos semelhantes que passamos juntos...

Marcelo Pedroso, perturbado por essa dificuldade de representação que o cinema brasileiro tem de representar sua classe-média, lança-se num terreno um tanto movediço para nos dar um retrato de uma fatia da sociedade que sempre se esquivou do reflexo de sua imagem, como representação cultural e social. Depois de ontem, percebo que ainda é difícil que essa classe-média se reconheça de fato, vendo Pacific, pois antes de tudo existe o julgamento. Entretanto, julgar os outros, significa julgar a si próprio. 

Marcelo Pedroso ciente de todas essas implicações, reunindo imagens dos próprios passageiros do cruzeiro “Pacific”, constrói um filme que se esquiva o tempo todo de uma certa crítica banal sobre a sociedade brasileira, sem nunca apontar o dedo para o atual estado dessa classe-média nesse Brasil que injeta a idéia do crescimento econômico na vida e nos sonhos das pessoas. Marcelo, consciente do impacto das imagens dos passageiros, e do poder de sugestão e reflexão dessas imagens, deixa para o espectador o trabalho de pensar acerca de como essa classe-média brasileira vive esse momento tão alardeado de boom econômico. Momento em que, com a linha de crédito largamente ampliada, é facilmente possível viajar num transatlântico – o que antigamente era ostentação de ricaços que se esbaldavam em luxuosos navios – parcelando a viagem em 12 vezes facilmente encaixáveis dentro de seu orçamento. Se existe em Pacific, uma crítica ao consumismo desenfreado, dessa classe média que ostenta e esbanja sem se posicionar diante de uma realidade brasileira um tanto distorcida, ela surge naturalmente dessas imagens que pululam na tela, hora nos emocionando, hora nos instigando, nos confrontando com as suas ilusões.

Pacific é um filme que suscita uma série de questões éticas, sociais e morais. É um filme que coloca em cheque essa representação social, retirando máscaras, sem nunca deixar de reconhecer ali que somos todos produtos de um mundo pré-programado, de um mundo que nos dita a maneira como devemos nos vestir, nos portar, enfim, de um mundo que nos dita como ser feliz, mas que ainda não descobriu que a felicidade está mesmo é dentro de cada um de nós, é piegas, mas é isso mesmo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Depressão pós filme, ou como o cinema também pode se deprimir.

O cinema Lumiére, de maneira quase que vanguardista aqui em Goiânia, começou desde a semana passada a promover cabines para a imprensa local, coisa que nenhuma sala se interessou em fazer, tendo em vista a fragilidade da crítica e imprensa local ao longo de todos esses anos, coisa que aos poucos vai sendo redesenhada através de um movimento que tem fortalecido bastante o papel da crítica para o cinema local. Cabe aqui um alerta aos demais cinemas da cidade, que deveriam seguir a mesma linha de pensamento. A longo prazo, essa iniciativa fará bem para todos: exibidores, espectadores e crítica.

Dito isto, fomos submetidos hoje, à cabine de "The Beaver" ("O Castor" aqui muito bem traduzido para "Um Novo Despertar" - o filme faz jus à tradução tosca), filme dirigido por Jodie Foster, que ainda atua ao lado de Mel Gibson, o protagonista da trama. Tudo em "The Beaver" me parece um tremendo equívoco, desde a escolha do elenco, com um Mel Gibson se esforçando para fazer caretas pra nos mostrar que está em depressão profunda. Ou de uma Jodie Foster completamente fora do eixo, com uma personagem completamente rasa, que bota o marido pra fora como se ele estivesse tendo ataques histéricos, ao invés de ser tratado como doente que é. As relações familiares são tratadas aqui com a profundidade de um pires e Jodie Foster, sem traquejo algum pra desenvolver imageticamente aqueles personagens em ruínas, acaba se rendendo aos mais banais clichês, esfregando um monte de coisas na cara do espectador pra ver se ele saca as sutilezas que o filme propõe. Sutilezas do peso de uma jubarte diga-se de passagem.

Engraçado também como o filme se trai o tempo todo, hora criticando o mercado de auto-ajuda, hora ele próprio sendo um genuíno produto de auto-ajuda. Jodie Foster me parece dona de uma preguiça mental impressionante. Alguns dizem que o problema seria o roteiro, mas francamente, grandes diretores fizeram obras-primas a partir de roteiros medíocres. Claro, o roteiro me pareceu risível do começo ao fim, mas o fracasso maior do filme está na direção canhestra e boçal de uma Jodie Foster completamente limitada e presa às mais fáceis e óbvias fórmulas do cinema norte-americano.

Resta ao final um moralismo dos mais baratos. Depois da perda de um membro, o fim da depressão e a reconciliação familiar, todos vivem felizes para sempre, fazendo loopings na montanha russa que a matriarca da casa projetou. Montanha russa sem loopings, sem adrenalina, sem emoção.

Filme visto no Lumiére Bouganville.


quinta-feira, 28 de julho de 2011

FACETAS DO CINEMA ORIENTAL - PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Sessões às 12:30, 15 e 20h 

01/08: Abertura - Gozu (Dir. Takashi Miike)
02/08: Eternamente Sua (Dir. Apichatpong Weerasethakul)
03/08: Adeus ao Sul (Dir. Hou Hsiao Hsien)
04/08: Minha Mágica (Dir. Eric Khoo)
05/08: 13 Assassinos (Dir. Takashi Miike)
06/08: Sonata de Tóquio (Dir. Kiyoshi Kurosawa)
07/08: Vingança (Dir. Johnnie To)
08/08: A Floresta dos Lamentos (Dir. Naomi Kawase)
09/08: O Mundo (Dir. Jia Zhang ke) - DEBATE APÓS A SESSÃO
10/08: Eu Não Quero Dormir Sozinho (Dir. Tsai Ming Liang)
11/08: Mad Detective (Dir. Johnnie To e Wai Ka-Fai)
12/08: Mal dos Trópicos (Dir. Apichatpong Weerasethakul)
13/08: Pulse (Dir. Kiyoshi Kurosawa)
14/08: Kinatay (Dir. Brillante Mendoza)
15/08: Cidade do Desencanto (Dir. Hou Hsiao Hsien)
16/08: O Ultrage (Dir. Takeshi Kitano)
17/08: Sonata de Tóquio (Dir. Kiyoshi Kurosawa)
18/08: Adeus ao Sul (Dir. Hou Hsiao Hsien) -
DEBATE APÓS A SESSÃO
19/08: Minha Mágica (Dir. Eric Khoo)
20/08: O Mundo (Dir. Jia Zhang ke)
21/08: Pulse (Dir. Kiyoshi Kurosawa)
22/08: Vingança (Dir. Johnnie To)
23/08: 13 Assassinos (Dir. Takashi Miike)
24/08: Mal dos Trópicos (Dir. Apichatpong Weerasethakul) -
DEBATE APÓS A SESSÃO
25/08: Kinatay (Dir. Brillante Mendoza)
26/08: Mad Detective (Dir. Johnnie To e Wai Ka-Fai)
27/08: O Ultrage (Dir. Takeshi Kitano)
28/08: Cidade do Desencanto (Dir. Hou Hsiao Hsien)
29/08: Eu Não Quero Dormir Sozinho (Dir. Tsai Ming Liang)
30/08: Eternamente Sua (Dir. Apichatpong Weerasethakul)
31/08: Encerramento - Filme surpresa

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FACETAS DO CINEMA ORIENTAL

Pela primeira vez o público goianiense vai poder ter acesso a uma série de grandes filmes orientais ainda inéditos nos cinemas da cidade a partir de 1º de agosto. Serão 17 filmes e 3 debates que buscarão traçar o panorâma do que melhor se produz hoje no Oriente. Breve posto aqui programação completa. Mas já da pra imaginar que a obra-prima fundamental "Adeus ao Sul" do mestre Hou Hsiao Hsien (imagem da vez aqui do blog) estará na programação seguido de debate. Aliás, os debates ficarão por conta dos amigos e parceiros Rodrigo Cássio, Marcelo Rodrigues, Fabrício Cordeiro e Luiz Felipe Mundim, além de mim. Aguardem.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

As Margens de Tonacci - Serras de Desordem

Andrea Tonacci esteve no FICA ministrando o curso "A Margem do Cinema" e a exibição de sua obra-prima, Serras da Desordem, me fez desenterrar esse texto de 2006, quando vi o filme pela primeira vez na cobertura da Mostra SP que fiz pro extinto blog Arca Mundo. O mais importante, é que o impacto do filme continua o mesmo, e eu ainda mais fã desse gênio chamado Andrea Tonacci.

Serras da Desordem

Como um filme pode mudar nossas vidas, nossa visão de mundo, invadir nossos pensamentos, nossas almas? Essas respostas foram-me todas respondidas após o fim da sessão do brasileiro Serras da Desordem, de Andréa Tonacci.

Tonacci era pra mim, um diretor desconhecido. Mesmo apesar de saber de sua importância para o cinema nacional, quando na década de 70, ele fazia um cinema bastante underground e por isso mesmo, nunca teve o hype de diretores da época que ganharam notoriedade como Glauber Rocha, Joaquim Pedro de Andrade, Arnaldo Jabor.

Fato é que ele chega depois de um hiato de quase 30 anos - tempo em que se dedicou a este projeto - com uma das mais bonitas e essenciais obras-primas dessa Mostra e talvez de toda a história do cinema brasileiro.

Serras da Desordem é, antes de qualquer coisa, um lamento a essa civilização decadente, de valores completamente deturpados e invertidos, de um mundo que, em nome do progresso, deixou de olhar a vida e tudo o que dela vem.

Não bastasse ser o filme-vida que é, Tonacci, como cineasta e estudioso da linguagem cinematográfica, vai ainda muito além do que havia feito, por exemplo, Eric Khoo em seu Fica Comigo, ao misturar ficção e realidade. Isso porque, ao recontar a saga do índio Carapiru, Tonacci vai reencenar certos trechos de sua vida (com o próprio Carapiru, aliás). Utilizando-se de imagens documentais - que vão de filmes da época como o seminal Iracema: Uma Transa Amazônica de Jorge Bodanski, até imagens de Telejornais, também da época - busca refazer os passos daquele homem que, separado de sua tribo após um ataque de grileiros, vagou durante meses pela selva e, encontrado por camponeses, com eles viveu por um bom tempo. Mesmo sem entender uma só palavra do que diziam, fez grandes amigos, pessoas que lhe amaram, lhe deram carinho e cuidado. Após uma denúncia, é trazido pela FUNAI para Brasília, e lá, frente ao choque com a civilização, Carapiru aos poucos irá perder a fé na vida, no seu Deus maior. Por ironia do acaso, quando chamado um tradutor para conversar com o velho índio, este que vem é ninguém menos que seu filho, separado dele há 16 anos por criminosos invasores que expulsaram e assassinaram centenas de índios nas florestas desse Brasil. Carapiru será levado de volta a sua tribo, e lá vai perceber que o veneno da civilização e do progresso terá atingido seu povo. Tudo o que ele vivera ou sonhara não passa agora de uma utopia. Carapiru então desiludido e triste se embrenhará no meio da floresta, e lá, travará seu primeiro contato com Andréa Tonacci, num final de uma beleza que faz jus a esse impressionante filme que é Serras da Desordem.

Assim, o filme irá nos confrontar com essa realidade torpe de uma sociedade que, na busca pelo ócio através do progresso tecnológico, criou um imenso vazio espiritual, um distanciamento abissal do homem com a natureza, uma quebra de valores tão caros a esse planeta doente e carente de lamentos, que gritem por socorro, por um chamado divino, para que um dia nos possa vir a salvação. Talvez, vendo obras como essa, possamos despertar em nós, o desejo da mudança, da reavaliação de nossas vidas, nossas prioridades, nossos anseios, nossa verdade, nossos valores, nossa condição humana.

Tudo o que eu disser sobre esse impressionante filme nacional - mas que carrega consigo um teor imensamente global, pois no registro do microcosmos, abrem-se as portas para o macro – pode soar pequeno, bobo. Mas é sem dúvida o filme brasileiro a ser descoberto. Um filme que o mundo todo deveria ver. Me lembrou de certa forma O Novo Mundo de Terrence Malick, por ser um lamento semelhante. Com a diferença que aqui, a ficção e a realidade são uma coisa só! E o impacto disso em nós é infinitamente maior!

segunda-feira, 13 de junho de 2011

XIII FICA

 
Apartir de amanhã estarei na Cidade de Goiás cobrindo pela primeira vez para a "Revista Cinética", o XIII FICA. Aqui pro blog devo soltar alguns posts diários sobre o Festival, mas a cobertura completa pra revista vem só depois de domingo, dia da premiação dos vencedores. Pra quem tiver interesse, e quiser acompnhar, fica aí a dica!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Romero, um gênio!

O ótimo blog "Film Studies for Free" traz esse mês uma série de estudos sobre o cinema essencial do mestre do horror George A. Romero. Há textos bastante interessantes como o de Michael Bloom  'Reanimating the Living Dead: Uncovering the Zombie Archetype in the Works of George A. Romero' e o de Lars Bang Larsen 'Zombies of Immaterial Labors: the Modern Monster and the Death of Death', além de vários artigos sobre política e sociedade sob a ótica de seus filmes. Valo a pena uma conferida!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Elefante Brasileiro

O massacre de Realengo, tal qual o de Columbine, é um Elefante! Grande, misterioso, complexo. Gus Van Sant fez com Elefante talvez o seu filme mais importante, principalmente por que registra, fugindo de contornos psicológicos, o caos da sociedade contemporânea, do isolamento do indvíduo, da incomunicabilidade, do terror e da violência como válvulas de escape num mundo completamente tragado pelo ego e pelo fanatismo.


No Brasil a questão me parece ainda mais complexa, por quê envolve no cerne, a questão social, educacional ética e de saúde pública do Brasil.

Na verdade é interessante acompanhar um dia depois, o reflexo desse massacre na mídia brasileira - que sempre adorou explorar os dramas humanos, mas nunca assumiu um ponto de vista para defender a sociedade que ela tanto explora. A mídia imediatista e irresponsável não se preocupa com os meandros que provocam tragédias como essa, ela quer sangue e lágrimas. Nada mais.

Fica a manchete estampada num dos jornais de grande circulação aqui de Goiânia: "Nossas crianças não merecem isso!". E alguém merece? Não seria o caso de se perguntar: O que merecem as nossas crianças? A educação brasileira continua sendo tratada como paliativo nesse projeto de crescimento estrondoso em que o Brasil se colocou nos últimos anos. A criança e o adolescente, cada dia mais, sem referências familiares e principalmente éticas, acabam encontrando respostas para suas indagações na rua, mas principalemente na internet, esse oceano de informações desmedidas que muitas vezes acaba desnorteando ainda mais a psiqué perdida dos jovens.

Por isso, a tragédia em Realengo não é sobre um assassino e suas 13 vítimas. É sobre uma cultura de barbárie, de violência e de exclusão cada vez mais corrente em nosso país. É sobre o fanatismo religioso que impregna nossa sociedade (querem crucificar agora os muçulmanos, ó país de cristãos fanáticos), é sobre exclusão social, é sobre a deseducação, é sobre o descaso da saúde pública, é sobre a falência da instituição familiar, é sobre ética, sobre moral, sobre política. É acima de tudo sobre a maquiagem, a máscara que a sociedade brasileira vem fantasiando nossas verdades em nome de um "bem comum", de uma paz de araque plantada no subconsciente das pessoas e que faz brotar apenas a alienação.


 O Brasil, país de visão clara, límpida e indefectível enxerga o Elefante em sua superfície. Diferente do filme cego de Gus Van Sant, que tateia, ouve e pensa antes de nos dizer quem é esse Elefante monstruoso.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Lamorisse no Cultura


Eis que o Cine Cultura - quase que numa resposta às minhas críticas no post sobre o circuito cinematográfico de Goiânia - exibe a partir dessa sexta-feira duas obras-primas indispensáveis do cineasta francês Albert Lamorisse, O Balão Vermelho e O Cavalo Branco, ambos em cópias restauradas.

O Balão Vermelho é um ícone do cinema francês, elegia à cidade de Paris e á infância, é considerado por muitos como um dos melhores filmes franceses de todos os tempos. Foi refilmado há 3 anos atrás pelo mestre taiwanês Hou Hsiao Hsien, com a musa Juliette Binoche, numa homenagem primorosa ao filme de Lamorisse e é claro também à Paris, personagem principal de ambos os filmes. O filme de Hou, A Viagem do Balão Vermelho, disponível em dvd, é outra experiência indispensável e que ganha destaque agora com a exibição do filme original, que acaba dando uma dimensão ainda maior do cinema do grande Albert Lamorisse. É sem sombra de dúvida o grande programa do fim de semana!

Ficha Técnica
Filme: O Balão Vermelho / O Cavalo Branco
Titulo original: Le Baloon Rouge / Crin Blanc
Diretor: Albert Lamorisse
Pais: França
Ano: 1956 / 1953
Duração: 38 min. / 40 min.
Elenco: Pascal Lamorisse / Alain Emery
Estreia: Sexta-feira, 1º de abril de 2011
Local: Cine Cultura
Sessões: Segunda a sexta-feira, às 18h30 e 20h30. Sábado, domingo e feriado às 17 e 19 horas
Ingressos: R$ 6 (Inteira) e R$ 3 (Meia- entrada)
Classificação indicativa: Livre
Contato: Cine Cultura – (62) 3201-4670 / 3201-4646

terça-feira, 15 de março de 2011

Um Lugar Qualquer (Somewhere)

Uma semana depois de ter visto “Somewhere” de Sofia Coppola, o filme ainda continua reverberando cada vez mais na cabeça. Apesar de ter me impressionado muito como peça de cinema, tinha achado o mais frágil filme da Sofia, principalmente por causa do final um tanto banal, que mais parecia final de comercial de carro importado.
Mas “Somewhere” é de fato o mais radical filme de Sofia Coppola que monotematicamente vem nos apresentando variações imagéticas sobre o mesmo tema. Ninguém filma o aprisionamento e o vazio como ela; e é interessante acompanhar essa evolução de cinema em sua filmografia. Se em "Virgen Suicidas" a decupagem parecia um pouco refém da trama, sem muito espaço para os delírios melancólicos que seriam potencializados em “Encontros e Desencontros” e “Maria Antonieta”, em “Somewhere” ocorre a radicalização desse processo fílmico, num filme que me parece antes de tudo uma versão de “Lost in Translation” filmada por Vincent Gallo e Gus Van Sant em sua fase mais experimental.
Nesse sentido, “Somewhere” consegue a proeza de ser o filme mais bonito de Sofia formalmente (o que não é pouco). Há ali pelo menos uma dúzia de sequências magníficas; desde a sequência incial ao som do Phoenix, quase que uma emulação da sequência inicial do igualmente melancólico "The Brown Bunny" de Vincent Gallo, até a extraordinária sequência da piscina do hotel, algo de antológico aquilo. Há outras, como as cenas das irmãs gêmeas em duas apresentações de pole dance, num misto de amadorismo e sensualidade impressionantes, filmadas num mesmo enquadramento estranho, sem qualquer corte; ou a da patinação do gelo quando Johnny Marco (Stephen Dorff) se encanta finalmente pela sua filha e aquele travelling impressionante quando ele vai moldar o rosto para fazer uma máscara que será usada em seu próximo filme.
Sofia prefere filmar esquetes ao invés de narrar sua história de maneira mais convencional. Dessa maneira ela consegue captar esse momentos de melancolia e vazio que exalam do seu personagem, num trabalho, aliás, belíssimo de Stephen Dorff. Ele consegue muito bem dar conta desse misto de angústia, futilidade e vazio que impregnam seu personagem: um ator famoso, solitário que vai aos poucos se encontrar no convívio com a filha adolescente que vai passar uma semana com ele no hotel em que mora. Fala-se muito no vazio existencial do personagem, mas eu vejo ali alguém constantemente perturbado e incomodado com essa incapacidade, apenas esperando alguém para resgatá-lo desse nada que é a sua vida.

Nada muito importante acontece. O que ocorre é uma sucessão de imagens absurdamente impregnantes que custam a sair da cabeça. Sofia Coppola se revela uma cineasta cada vez mais ciente de seu domínio cênico, e ajuda muito nisso tudo, a fotografia do sempre genial Harry Savides (coloborador habitual de Gus Van Sant) e a trilha sonora, sempre um prato cheio nos filmes de Coppola.
"Somewhere” me parece daqueles filmes que causam certo distanciamento a princípio, mas que carrega em suas imagens um poder tão devastador de traduzir toda a melancolia, as inquietações e frustrações de seu personagem, que é impossível passar incólume a elas. Não fosse o final um tanto óbvio e conciliador, “Somewhere” seria uma pequena obra-prima.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Reflexões sobre o circuito exibidor de Goiânia


Alguém esses dias veio me perguntar aonde é que eu tinha visto os filmes do meu top 20 de 2010, por que a grande maioria deles nunca tinha passado em cinema algum de Goiânia. Senão vejamos: “Sempre Bela” não passou  (exibidores aqui nunca ouviram falar de Manoel de Oliveira, pelo visto). “Ervas Daninhas” também não (nem o Cine Cultura que há uns 5 anos exibiu “Medos Privados” se aventurou nesse novo Resnais). “Vincere” ficou uma semana em cartaz no Lumière, o que é a mesma coisa (ou pior) do que ver o filme em casa mesmo, por que aquele cinema é absurdamente ridículo.”Mother”, excelente filme do coreano Bong Joon Ho foi outro que foi direto pras prateleiras das locadoras. “Filme Socialismo” do Godard passou; mais por insistência e vontade do Cineclube Cascavel do que dos  próprios exibidores. “Machete” (que é um filme de apelo popular, com elenco estelar e tudo) entrou uma semana em cartaz num horário das 15:30 de um Cine Ritz completamente decadente no centro da cidade. Ninguém viu! “Escritor Fantasma” passou,”Prova de Morte” passou,  “Ponyo” passou, “Brilho de Uma Paixão” e “Vício Frenético” também. Todos no mais uma vez péssimo cinema Lumière, as salas mais constrangedoras da cidade, sem dúvida. Ninguém também quis saber do seminal filme de Elia Suleiman, “O Tempo que Resta”, muito menos do documentário foda “O Inferno de Henri George Clouzot”. “Carancho” passou, mas foi no Festival de Direitos Humanos, então não vale. Nem “Scott Pilgrim” uma superprodução com um quê alternativo teve espaço aqui na cidade. “Tio Boonmee”, o badalado filme de Apichatpong Weerasthakul vencedor da Palma de Ouro em Cannes, nem sinal. “Tetro”, novo do grande Francis Ford Coppola também morreu à míngua. O filme de sua filha Sofia, “Somewhere” também até agora nada.
Filme nacional nem se fala. Ninguém quis exibir “Viajo por que Preciso, Volto por que te Amo” muito menos “Meu Mundo em Perigo” do Belmonte. Filmes da Marília Rocha? Ninguém nem sabe quem é ela. Aliás, filme nacional aqui, só os da Globo Filmes.
Goiânia tem cerca de 60 salas de cinema. 90% delas está tomada pelos filmes de sempre: os arrasa quarteirões norte-americanos. Pra essas 60 salas, são cerca de 20 filmes por semana, ou seja, os mesmos filmes se repetem em cerca de 10 a 15 salas. "Gnomeu e Julieta" e "Rango" por exemplo ocupam quase a metade das salas da cidade. Sem contar que boa parte da outra metade está tomada por Zé Colméias, Justin Bibiers, Vovó Zonas e mais uma dúzia de filmes hollywoodianos, com exceção do nacional (global) "Bruna Surfistinha". Tem lógica isso?

Hoje em Goiânia somos reféns de um circuito dominado totalmente por multiplexes com foco no cinema comercial norte-americano. Não há outra opção. Esse papel de cinema alternativo que há 10 anos o Lumière fazia com certa competência, hoje foi reajustado para atender as demandas dos novos tempos, ou seja, exibir filmes para o grande público. Se vez ou outra há espaço para algum filme “de arte”, esses são renegados aos guetos das salas Rain, logo, as piores projeções que você vai assistir na sua vida.
O caso dos cinemas Lumiére merece uma constatação à parte. Cinema com verniz alternativo, o Lumière se gabava de trazer uma variedade maior de filmes em sua programação semanal. Há algum tempo  atrás, com suas 2 salas, o Lumière se firmava como o principal cinema alternativo da cidade: salas grandes, aconchegantes, poucos filmes, mas sempre filmes relevantes. Lá vi "Cidade dos Sonhos", "Plataforma", "Elogio ao Amor", "Arca Russa", "O Pântano". Hoje, após uma reforma e sua ampliação para 6 salas, o cinema é ao mesmo tempo um misto de péssimo atendimento ao público, projeções sofríveis, som vazado, além de uma programação cada vez mais medíocre e comercial. Uma vez por mês passa algum filminho independente qualquer para não perderem a fama de cinema alternativo, numa sala com projeções em Rain pra lá de toscas.
Outra coisa que me incomoda bastante é que me parece que o público de cinema em Goiânia já foi bem mais engajado. Buscava opções que não as mais óbvias, lotando todos os eventos de cinema, correndo pra ver os filmes dos cineastas badalados, premiados. Hoje só vejo gente lotando cinema pra ver blockbuster. "Harry Potter" e "Tropa de Elite". Os cinéfilos – que são muitos por aqui – hoje foram segregados em um gueto: o dos downloads na internet.
Não fosse esse acesso possibilitado por essa revolução cultural proporcionada pela internet os cinéfilos estariam perdidos. Mais alienados. Pela internet eu posso ter certeza que vou ver desde os filmes renegados do Vincent Gallo, ás obras-primas desconhecidas de Hou Hsiao Hsien. Posso ver os principais filmes franceses do ano. Posso ver Manoel de Oliveira. Posso ver Skolimovski. Posso ver até o mais independente dos filmes tailandeses, cazaquistaneses. Mas e o cinema?
Eu quero acreditar que não vou passar o resto da vida vendo filmes na tela de um computador. Que vou vê-los aonde eles merecem ser vistos: numa sala de cinema. É lá que um filme se revela em toda a sua plenitude. É lá que o espectador se abre expondo sua alma ali diante da tela em sintonia perfeita com a arte. Eu quero ver esses filmes no cinema porra.
Engraçado que lendo tempos atrás uma pesquisa do Senai sobre as principais demandas do comércio em Goiânia, salas de cinema estavam entre os 3 principais setores de investimento na cidade, tendo em vista o pequeno número de salas por habitantes. Desde então nenhuma projeção de melhorias pro futuro.
As salas de cinema administradas pelo Estado e Prefeitura também tem cada vez perdido mais espaço. O Goiânia Ouro não quer saber de cinema. Negócio lá é música e teatro, só. Muito pelo ínfimo investimento da prefeitura numa aparelhagem de cinema mais moderna e pela baixa qualidade e desorganização dos eventos organizados por l.
O Cine Cultura gerido pelo estado, também não anda bem das pernas. Com uma seleção de filmes irregular e uma péssima política de marketing e administração, o cinema que já foi o mais charmoso de Goiânia parece cada vez mais abandonado. Não quer saber de passar filmes que ainda estão no circuito, preferindo coisas que já estão mofando nas prateleiras de locadoras. Vez ou outra passa filmes de diretores goianos, o que deveria acontecer com mais frequência para impulsionar a produção local. Uma pena.
Se há uma programação interessante é a do Cine UFG. Cheia de retrospectivas de cineastas bastante badalados (como as recentes de Bergman, Tarantino, Lars Von Trier e mais pra frente as de Godard e Kubrick) e mostras como a de terror, o Cine UFG padece entretanto de uma grade de horários extremamente excludente, feita apenas para alunos da Facomb e não para o público apreciador do bom cinema em geral. O cinema funciona apenas de segunda a sexta com sessões nos horários das 12 e das 17:30. Aos que trabalham, nada de cinema!
Daí fica a pergunta: qual o interesse em se investir em cinema no estado de Goiás?Para além de festivais consolidados como o FICA e o Mostra Curtas, ou medíocres como o Festcine, Goiás está completamente abandonado no que diz respeito ao audiovisual num modo geral. As salas de cinema que já são poucas – sem contar os tradicionais cinemas do centro que viraram Igrejas Evangélicas ou salas pornô – estão sucateadas, com uma programação cada vez mais restrita e vinculada aos interesses das majors distribuidoras brasileiras que exibem apenas o gorfo comercial do cinema hollywoodiano. Não há escapatória. Ou você vai ao cinema ver "Justin Bibier 3D", ou fica em casa vendo "Essential Killing" na frente do computador.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

A Materialização do Óbvio


A sequência clímax de ‘Black Swan’ é aquela em que a bailarina Nina, enfim incorpora toda a sensualidade, volúpia e furor de um cisne negro, nessa que é a melhor cena de Natalie Portman no filme, olhos vermelhos, expressão forte, arrebatadora, enquanto dança até aos poucos ir se transformando fisicamente em um cisne negro, e suas asas largas e imponentes.
Não bastava a Darren Aronofsky o belíssimo plano de Natalie Portman demonizada já completamente transfigurada, a personificação do cisne, ele insiste em filmar a transformação física, em dar corpo ao que já estava na tela. É a materialização do título, que por si só já era introdução suficiente para entrarmos no mundo obsessivo de Nina pelo balé. Cisne Negro é todo materialização de sentimentos que nunca realmente encontramos na tela.
Culpa muito de um certo psicologismo reducionista que parece transformar personagens em manuais, pontuando toda a narrativa com uma série de respostas para questões que nunca de fato existem no filme. Não atoa o personagem de Vincent Cassel logo de início já define toda a psiqué da protagonista, garotinha frígida e mimada, que deve se abrir e revelar o cisne negro que existe dentro de si. Personagem unidimensional que nunca assume a sua complexidade, que quer no máximo ser bidimensional, branco e preto. Por isso, as roupas de Nina serão sempre brancas, e as de Lilly pretas, a caixinha de música e o toque do celular repetirão incessantemente “O Lago dos Cisnes”. Mesmo a caracterização e interpretação de Natalie Portman se revestem dessa obsessão pelo óbvio que toma conta do filme. Seu tom de voz, postura, seu rosto melancólico e sofrido, cada gesto; tudo busca enfatizar o que já é muito claro na tela, dando pouco ou nenhum espaço para o mistério, para a sugestão.
Essa postura didática assumida por Aronofsky  - e por que não, também por Cristopher Nolan em A Origem - acaba sendo uma contradição ao famoso pensamento kantiano que diz que, no ato de conhecimento, a imaginação trabalha para a inteligência, enquanto na arte, a inteligência trabalha para a imaginação. Em ‘Cisne Negro’, não há espaço para a imaginação. É a negação do que defendia Merleau-Ponty quando estudava os mecanismos do cinema e sua relação com a psicologia moderna, na escolha entre o que se diz e o que se cala, na criação de uma máquina de linguagem que coloca o espectador em um determinado estado poético. Ou Jean Epstein quando defende a estética da sugestão ou o “teatro da pele”; o sentido que já está na superfície e não atrás da face do homem. Ambos acreditam no poder do espectador de decifrar o mundo, no poder do cinema de estimular a percepção, de instigar nossa inteligência, nossos sentidos. Aronofsky por sua vez não tem fé no cinema, não acredita no poder sugestivo de suas imagens.
Nesse sentido me intriga um pouco essa tão falada relação com os filmes de Roman Polanski – principalmente ‘Repulsa ao Sexo’ e ‘O Bebê de Rosemary’ – que sempre primaram pela sugestão, pelo não mostrar em prol de toda uma orquestração perfeita de clima e suspense para com isso aguçar e desafiar ainda mais a mente do espectador. Era o que fazia de seus filmes tão perturbadores e viscerais. Para Polanski a dúvida, o mistério, estimulam muito mais a imaginação do espectador. É a fé na imagem, a verdadeira alma do cinema.
Aronofsky acaba esquecendo que é através da percepção, dos sentidos, que compreendemos o real significado do cinema. Assim, ao materializar o invisível, ‘Cisne Negro’ retira de si o que para o cinema é primordial: sua alma. Sobra o cadáver, opaco, vazio, sem vida.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Melhores de 2010

Confesso que já estava deixando esse blog pra trás, sem tempo pra postagens, pra terminar textos que tinha começado a escrever ainda na Mostra de São Paulo e que provavelmente vão ficar incompletos, para trás. Mas se tem uma coisa que gosto sempre de fazer todo final de ano é listinha dos melhores. Isso me faz repensar muitos filmes: desmistificar alguns, lançar novos olhares sobre outros, correr atrás de coisas que ainda não havia visto... enfim, momento de revisar e celebrar o cinema que passou.

Até chegar a essa versão final a lista sofreu várias mudanças, com dúvidas irresolvíveis sobre o primeiro lugar, várias mudanças de posição, mas a certeza de que o cinema continua vivíssimo, inventivo e generoso, capaz de nos surpreender ainda por muitas vezes!


1) Ervas Daninhas, Alain Resnais/ Sempre Bela, Manoel de Oliveira




Um tanto difícil escolher entre Resnais e Oliveira, ainda mais quando os dois filmam como dois garotos, cheios de frescor e vitalidade, nos surpreendendo, nos emocionando. No caso de Ervas Daninhas, é Resnais preenchendo o vazio existencial de seus personagens, colorindo e iluminando com neons as gélidas e vazias relações humanas. Já Sempre Bela é uma dessas brincadeiras geniais que Manoel de Oliveira nos convoca a fazer com o cinema. O retorno aos personagens de “A Bela da Tarde” de Buñuel serve bem menos como homenagem do que como uma reencenação, uma representação daqueles personagens agora em outro tempo, outro mundo, outra vida, diante de outras lentes, outros olhos. Pequeníssimo e poderoso.

2) Vincere, Marco Bellochio


Marco Bellochio, dos maiores cineastas políticos do cinema, nos coloca diante da construção da imagem, de mitos, de lendas. O pano de fundo histórico criado por Bellocchio serve menos como acerto de contas com o passado do que uma confrontação com o mesmo. Não se trata aqui de um filme sobre o surgimento do fascismo ou mesmo da chegada ao poder de Mussolini. Vincere é muito mais sobre tempo e verdade. O tempo do homem não é o tempo do mundo, o tempo de Deus. E é o tempo, esse senhor, que nos revelará a verdade.

3) Mother, Bong Joon Ho


Bong joon Ho entra de cabeça nos devaneios de uma mãe tentando provar a inocência do filho acusado de assassinato. Não há qualquer condescendência. Poucos filmes registraram de forma tão poderosa e dolorida, em carne e sangue, o que é ser mãe. Direção magistral e atuação assombrosa de Hye-ja Kim.

4) Filme Socialismo, Jean Luc Godard



O bombardeio de imagens, a utilização de um sem número de novas mídias que captam imagens saturadas, desfiguradas. Os personagens cantando suas próprias contradições. Letreiros. Legendas. É Godard nos convidando muito mais a degustar e viajar pelas incoerências desse nosso “novo mundo” do que a entendê-lo, decifrá-lo.

5) Machete, Robert Rodriguez


Cinema de guerrilha, de revolução, de subversão.  Robert Rodriguez mergulha de cabeça no cinema B, marginalizado, exploitation pra filmar um típico herói terceiro-mundista, sedento de sangue e vingança, mas sempre lutando pelo seu povo. O melhor filme de Rodriguez.

6) O Escritor Fantasma, Roman Polanski



Filme que vai se revelando aos poucos, que se abre acanhadamente, mas que se revela um dos mais importantes filmes do ano, disparado! Em certos momentos faz lembrar o Polanski genial de O Inquilino e Repulsa ao Sexo. Radiografia corrosiva sobre as relações políticas, a manipulação das informações, das mídias. Em tempos de wikileaks, um filme essencial.

7) À Prova de Morte, Quentin Tarantino



Mais divertida sessão do ano.

8) Brilho de Uma Paixão, Jane Campion



A linha e a agulha. A inspiração. Jane Campion faz seu melhor filme ao contar a história de uma musa e de sua paixão pelo artista poeta, fracassado. O filme se entrega de maneira apaixonante às ambiências, às sensações provocadas por essa fagulha que incendeia os personagens, se entrega a pieguices sem medo, se assume o último filme romântico como de fato era seu poeta John Keats.

9) Ponyo, Hayao Miyazaki


Depois de passar num dia Ponyo e no outro Toy Story 3 pra garotada de uma creche que minha mãe cuida, percebi que ninguém atinge esse encanto da magia, da fantasia, do surreal como o grande Miyazaki. Criançada emudecida, impressionada. O marmanjo aqui também.

10) Vício Frenético, Werner Herzog


Gosto muito do original dirigido por Abel Ferrara, mas Herzog soube fazer um filme tão seu, rasgado, desvairado, amparado pela atuação absurda do Nicolas Cage, em que um cara fuma, cheira, bate em mulheres, ameaça velhinhas e ainda é o grande herói da história.

    11) O Que Resta do Tempo, Elia Suleiman
    12) Rede Social, David Fincher
    13) Abutres, Pablo Trapero
    14) Inferno de Henri Georges Clouzot, Serge Bromberg e Ruxandra Medrea
    15) Minha Terra, África, Claire Denis 
    16) A Ilha do Medo, Martin Scorsese 
    17) A Fita Branca, Michael Haneke 
        18) Invictus, Clint Eastwood
    19) Guerra ao Terror, Kathryn Bigelow 
    20) Avatar, James Cameron